CATASTROFES CLIMÁTICAS – “Diz-se, até, que a Natureza não reclama, se vinga. Infame filosofia!” – É o que nos afirma o confrade Osvaldo Ventura em seu artigo atual e realístico…

Trazemos para vocês um artigo escrito por nosso confrade que nos mostra com as cores da Verdade, com inteira isenção, a triste realidade que vivemos… Muito oportuno e serve de alerta, pois a narrativa é  baseada em fatos reais, é um retrato do  que vem ocorrendo com o clima mundial e  deve ser objeto de reflexão.

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        Até a década de setenta do século XX, um grupo de cientistas entendia que a constância de alguns fenômenos extremados do clima devia-se aos próprios ciclos de transformações do Planeta Terra. Enquanto isto, parcela significativa de estudiosos da climatologia afirmava que tais fenômenos eram produto da degradação ambiental e do aquecimento global produzidos pelo capitalismo financeiro, consumista e sem rédeas, devastando a civilização.

       Foi aí que em 1979 a Organização Meteorológica Mundial realizou a primeira Conferência Mundial do Clima, com o objetivo de pesquisar, analisar e sistematizar todo conhecimento sobre mudanças climáticas, e dirimir dúvidas a respeito de suas causas.

     Diante das evidências de que algo de anormal estava acontecendo em relação aos fenômenos climáticos, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento convocou um encontro formal de líderes mundiais, objetivando estudos mais aprofundados sobre o assunto.

     Assim, em 1992 o Brasil foi escolhido para sediar outro evento, tendo  sido denominado de Conferência Rio-92. As discussões foram altamente proveitosas, ficando pacificado o entendimento de que, verdadeiramente, a degradação do meio ambiente de nosso Planeta (terra, mar e ar), e principalmente o aquecimento global decorrente da queima de combustíveis fósseis, são consequências diretas do modo de vida do atual processo civilizatório depredador. Este foi o maior e mais importante acontecimento do século passado, que resultou no consenso abalizado para se entender as mudanças climáticas atuais.

     Aqui no Brasil, o desflorestamento da região amazônica já se refletia em alterações climáticas significativas em vastas áreas do território brasileiro.

     Neste ano de 2022, então, nosso país-continente foi assolado por enchentes e deslizamentos de terras em todos os pontos cardeais de nossa geografia, com números de mortos, feridos, desabrigados e desalojados jamais vistos. Sem dúvida, pode-se argumentar que tudo isso é produto de fenômenos extremados decorrentes da mudança climática. Diz-se, até, que a Natureza não reclama, se vinga. Infame filosofia!

     Outros alegam que o povo é “teimoso” e continua a habitar morros, encostas, barrancos e margens de rios, riachos e córregos, “colaborando” para que, de fato, haja as tragédias anunciadas. Falsa premissa!

     Afinal, mundo afora, ninguém assiste a mansões, castelos e até moradias dignas de habitabilidade despencarem morro abaixo ou rolarem em leitos caudalosos de rios, riachos ou córregos; a não ser raramente como exceção da regra. São as condições socioeconômicas, o pauperismo e a flagrante necessidade que obrigam as construções de residências em locais inapropriados, senão arriscados.

     Conclui-se, então, que no caso específico de chuvas volumosas, a causa das mortes, a rigor, não são as chuvas, mas sim a pobreza, resultante da má distribuição de rendas no mundo inteiro, da absurda concentração da riqueza produzida pelo ser humano nas mãos de poucos, corroborada pela falta de empatia, de solidariedade ou compaixão dos poderosos de sempre.