RELEMBRANDO O COMEÇO

Passaram-se anos desde aquela noite de primavera do ano de 1976, ocasião em que alguns amantes da Cultura se reuniram no auditório da Maçonaria Luz e Fraternidade com a finalidade de fundar uma instituição que congregasse a intelectualidade feirense. Dou o testemunho porque ali também estava, levado pelas mãos do poeta Alberto Alves Boaventura. Causou-me inibição está presente, ombreado com respeitados intelectuais  como Dr. Piragipe, o próprio Alberto, Antonio Lopes, Lordelo, Martiniano Carneiro e outros poetas e escritores feirenses que, com o passar do tempo, a areia do esquecimento cobriu, nos fazendo esquecer os nomes. Aliados à minha juventude, outros como Djalma Gomes, Benjamim Batista e Evandro Cardoso, entusiastas no limiar da vida, imbuídos do propósito de cultuar o Saber. Na verdade, não fosse o entusiasmo de jovens como Benjamim e Djalma não existiríamos como entidade… Estes dois, advogados recém formados em Salvador, vieram para Feira de Santana com a ideia fixa de fundar uma Casa de Cultura. Na Princesa do Sertão mantiveram entendimentos com literatos e intelectuais, dentre eles o pessoal que se reunia, em fins de semana, nos fundos da Confeitaria Aurora e, juntos, lançaram a semente da nossa Casa.

Lamentavelmente, os primeiros tempos da Academia são nebulosos: desconhecemos o dia exato da nossa fundação porque, sem sede própria, alguns documentos extraviaram, entre eles, a ata de fundação. Assim, se fez necessário que, em 1984, o então presidente Djalma Gomes tomasse a providência de registrar oficialmente a entidade no Cartório de Títulos e Documentos de Feira de Santana sob numero 578, Lv. A-6, às fls.216, em 31.08.1984, embora a nossa fundação houvesse surgido, como dizem romanticamente alguns remanescentes, “numa noite perfumada da Primavera de 1976”. Posteriormente, a AFL passou a ser considerada de Utilidade Publica conforme Lei 1090/88, de 27.05.1988, sancionada pelo prefeito José Falcão da Silva.

Em 1994, então secretário do presidente Franklin Machado e às vésperas de assumir o mandato de presidente, fizemos um ofício ao Juiz de Direito responsável pelo Cartório de Títulos e Documentos no sentido de que nos fossem  fornecidas cópias dos documentos ali existentes e, após conseguirmos isto, providenciamos regularizar a situação legal e fiscal da Casa: procedemos a uma pesquisa no Arquivo da Câmara Municipal e recuperamos o documento que nos tornava instituição de Utilidade Pública, documento também extraviado. Empossada a nova diretoria, já sob o nosso comando foi regularizada a situação na Receita Federal e nos habilitamos junto à Câmara Municipal, solicitando aos edis doações por meio de verbas de subvenção, possibilitando, assim, a edição de 9 (nove) Revistas Acadêmicas e vários CDs de poesias declamadas, todos patrocinados por este benefício, durante nossas gestões. Ganhamos grande respeito e notoriedade junto à sociedade feirense, mercê de um trabalho continuado. Nossa biblioteca, tanto material como virtual, está às ordens de quem dela quiser fazer uso.

O culto à Cultura é tão velho quanto o mundo. Portanto, embora a nossa jornada dure décadas, nosso trabalho está só começando, é apenas uma gota no oceano, uma etapa no caminho. Não desistiremos do dever de acadêmico, qual seja disseminar o Saber. Afinal, dificuldades e obstáculos existem para serem transpostos e haveremos de superá-los…

Estamos de volta, desta vez como vice-presidente da gestão do confrade Carlos Antonio de Lima que promete ser profícua, uma vez que já promoveu algumas ações, dentre elas a publicação da nossa Revista Acadêmica número dez, após quatro anos de silêncio.

EDUARDO J. M.  KRUSCHEWSKY

Presidente 2005.2014

Vice Presidente 2019/2020