O SOLAR SANTANA, TRADIÇÃO FEIRENSE QUE SE FOI… – O acadêmico Antonio Moreira Ferreira (Antonio Lajedinho) comenta sobre a destruição do patrimônio arquitetônico feirense.

Recentemente falecido, o acadêmico Antonio Moreira Ferreira (Antonio do Lajedinho (adorava ser chamado assim!)) sempre foi um defensor da preservação da memória feirense e  contava as histórias e fatos em suas crônicas. Algumas reunidas nos livros “A Feira da Década de 30” (de onde extraímos o texto a seguir) e “A Feira no Século XX”.

O SOLAR SANTANA

Conheci na década de 30, a mansão, hoje conhecida como Solar Santana, como a “Chácara do Cel. Tertuliano Almeida”. Melhor residência, somente a do seu genro Cel. Agostinho Froes da Motta. A mansão tinha a frente para a antiga Rua Barão de Cotegipe, hoje Avenida Senhor dos Passos, e aos fundos, com uma pequena casa destinada a trabalhador e vigia, para a então Rua Manoel Vitorino, hoje Marechal Deodoro. Tantas eram as fruteiras que se criou ali um grande viveiro de pássaros, a céu aberto.

A família do Cel. Tertuliano Almeida foi uma das mais tradicionais de Feira de Santana. Jairo Almeida, um dos filhos mais novos, ainda conheci como um dos fazendeiros na Cidade de Mundo Novo. Dentre as centenas de descendentes, citaremos uma trineta do nobre Coronel, conhecida em todos os meios culturais de Feira: LIGIA MOTTA.

Todo esse comentário é apenas para lembrar os valores tradicionais de nossa cultura questão sendo destruídos sem o menor respeito.

Recentemente tomamos conhecimento, estarrecidos, da demolição da histórica “Chácara do Cel. Tertuliano Almeida”, um marco do século XIX, uma parte da história da Princesa do Sertão. Infelizmente, nada pudemos fazer.  Só o Poder Público pode, mas não rende votos e ninguém se interessa. E não me digam que é o progresso. Se assim fosse não existiria o Pelourinho em Salvador, a Roma Antiga dentro da Roma Moderna. O que existe é falta de amor à Feira e excesso de ganância.

O Solar Santana desapareceu. Mas aqui fica o meu veemente protesto por aquilo que considero um crime. É perverso construí-se o progresso sobre os escombros da tradição.